• "Às vezes é preciso se render ao fantástico, parar de buscar respostas ou conclusões. Às vezes devemos simplesmente deixar o mito e a lenda tomarem os seus lugares. É isso que conta. É isso que nos faz diferente..."

    JBAlves

domingo, 21 de setembro de 2014

O nascimento de um Serial Killer.




“Primeiro, aquelas vozes ficavam conversando comigo sobre coisas comuns. Depois, eles  começaram a fazer imagens mentais em meu rosto. Eu não conseguia me expressar, eu fazia movimentos esquisitos com a boca. Imagens mentais bloqueavam minha ação mental. E havia,
ainda cheiros estranhos, na hora das ações muito fortes...” 

O Assassino de Mandaqui – Serial Killer Brasileiro.


Em três décadas o número de Assassinos Seriais ou Serial Killers cresceu 940% nos EUA e é estimado para os próximos anos que mais de vinte pessoas por dia sejam assassinadas por um deles em todo o mundo.

Os assassinatos em série são como uma epidemia, atualmente existem centenas de Serial Killers em atividade atualmente nos EUA. 

E os números não param de crescer no mundo inteiro, por todos os países. As grandes nações podem não divulgar mas todas se preocupam com o crescimento desses números aterrorizantes que crescem a nossa volta cada vez mais, ano após ano.

Importante comentar que diferente de outros assassinos passionais, os Serial Killers selecionam a vítima, escolhem o local do ataque, consideram todos os detalhes e precauções, fantasiam sobre o assassinato e depois procuram a vítima para finalizar o ato planejado. 

Parece que existem forças desconhecidas que operam nesses indivíduos. Algo assustador e deturpado que entra nas células e transformam, em um nível subconsciente, um homem em um monstro

Apesar de já ter lido alguns de livros sobre o tema, eu nunca pensei muito no seria essa centelha deturpada.

Foi então que, um dia eu li um conto de Edgar Allan Poe, um autor considerado como o mestre do terror psicológico por causa de seus personagens infames que sempre parecem flutuar entre a lucidez e a loucura.

Esse conto em especial foi publicado em uma edição do Saturday Evening Post no 19 de agosto de 1843. O conto, narrado em primeira pessoa, fala sobre um alcoólatra, egoísta e violento, que agredia sua esposa e fazia coisas terríveis com animais.

Encurtando a história, esse homem perturbado assassinou e escondeu o corpo de sua mulher em uma das paredes do porão de sua casa mas, mas quatro dias depois acabou sendo capturado pela polícia por causa de um gato preto.

Não vou entrar em detalhes da história, mas fica aqui o convite de conhecê-la. O que importa é que existe um fato nessa história em especial que me inspirou e me fez imaginar sobre como seria o nascimento de um Serial Killer.

Será que apenas um trauma é suficiente para romper a normalidade de um homem? Ou o nascimento de um assassino serial está ligado a um conjunto de fatores que vão se acumulando dia após dia?

Não sei dizer ao certo. Mas posso imaginar uma pequena história sobre isso.

Antes de tudo, imagine um pequeno espaço. Nem largo o suficiente para você se sentar, nem alto o suficiente para você se levantar e esticar as pernas.

Imagine esse espaço, essa caixa, totalmente vedada quanto à entrada de  luz, e com água até a metade. Uma água gelada e escura, que adquire uma consistência quase que sobrenatural quando um ser humano fica preso por algumas horas ou até mesmo, dias.

Pense que nessa caixa existe apenas um pequeno orifício para a entrada de oxigênio, um furo tão pequeno como um dedo mínimo, tão bem escondido que a pessoa presa não sente o movimento do ar entrando ou saindo.

Quem fica nessa caixa começa a vivenciar uma sensação constante de sufocamento. A sensação não passa, no entanto, nunca vem completamente. O líquido gelado enrijece os membros, levando qualquer ser humano a se perder por sensações fantasmas que o levam ao pânico e ao medo, ao desespero e à tristeza, depois de novo ao pânico. Nunca parando, nunca dando trégua.

Assustador não é. Enlouquecedor até. Dá pra imaginar que, qualquer pessoa nessas condições sofreria um impacto emocional e nervoso que de níveis incontroláveis, levando quase sempre uma mente lúcida a mais completa demência.

Apesar da demência ser um resultado esperado. Na minha imaginação eu acredito que certas mentes poderiam suplantar a essência da experiência, e, quando um indivíduo assim consegue resistir o impacto desse “medo”, ele talvez alcance um nível diferente, algo que transforma os pensamentos mais profundos em um instinto doentio e perverso.

E foi isso que aconteceu com o esquálido Arthur Sirius Menezes. Um homem que nunca teve a pretensão de alcançar mais nada do que sua própria mediocridade. Como estudante, ele era o franzino mais silencioso de todo o colegial. Como universitário, era o aluno mais mediano possível e finalmente como economista possuía uma visão tão estreita que apenas conseguiu trabalhar num pequeno banco de sua cidade natal.

Enfim, Arthur não tinha sonhos, não tinha desejos, metas ou objetivos. Para ele a simples existência constituía-se num martírio constante, um cansaço repugnante que alcançava níveis insuportáveis a todo o momento em que uma noite mal dormida teimava em retornar.

Sua vida social era nula. Filho único, pais mortos em incêndio quando ele tinha 10 anos, foi criado apenas pela avó. Quando jovem, sempre fora saco de pancadas de todo valentão que existia no período escolar.

Como profissional era metódico e funcional, realizava suas tarefas morosamente, sem mais, nem menos. Apenas se deixava levar pelo ritmo do momento. Era aos gritos de seu chefe e supervisores que ele se movia por entre as mesas do banco como um fantasma esquecido num castelo, sempre silencioso e anormal.

E as mulheres o rejeitavam, pois ele não era bonito nem simpático, mais parecia um rato com o corpo curvado e aquele cabelo oleoso. Além de tudo mais, não pertencia a nenhum grupo social de interesse.

Seus amigos? Apenas recebia um bom dia do entregador de jornais e do porteiro de seu prédio, e mesmo assim sua resposta ao afável bom dia era reduzido apenas a um grunhido insosso.

Seu apartamento era constituído de apenas um quarto macilento como o dono, de uma cozinha tão vazia quanto sua vida e de um cômodo central que resumia sua classificação como indivíduo, extremamente ralo e sem interesse.

Arthur Sirius, no entanto, possuía uma característica especial, ele era a vítima perfeita para um grupo de fugitivos da penitenciária central do estado. Homens conhecidos pelos noticiários locais, que não se cansavam de relatar a série de roubos a banco que praticavam.

Estes homens assaltaram o pequeno banco onde Arthur trabalhava apenas para ter um “dinheiro extra” quando saíssem do país. Tudo fora planejado com rapidez, e o refém escolhido fora o pequeno e macilento homem que cuidava do arquivo do banco.

A
s coisas aconteceram quando o banco estava para se fechar naquela tarde de julho. Arthur entregava as últimas anotações ao gerente quando seis homens mal encarados iniciaram a ação que se tornaria à próxima manchete do jornal local.

Apesar da reação do guarda, trinta mil notas, de diversos valores, foram retiradas dos caixas. Os bandidos fugiram levando um refém. Um veloz carro roubado havia sido escolhido previamente e ninguém conseguiu alcançá-los.

Depois de rodarem sessenta quilômetros por uma estrada de terra que ficava numa das regiões agrícolas perto da cidade os assaltantes resolveram se livrar do seu pequeno refém. Arthur foi retirado da porta malas e para evitar qualquer complicação mais tarde referente à identificação de suspeitos resolveram prender o pequeno homem dentro de uma caixa d’água que encontraram próximo a um sítio abandonado.

Foi preciso dois dos homens para retirar a pesada tampa de concreto, e apesar dos protestos, foi preciso apenas um para colocar o pequeno Arthur dentro. Com água até a metade da caixa ele não podia se esticar totalmente e o frio que sentia o incomodava.

O barulho do carro se afastando trouxe a solidão. Seus esforços eram inúteis e seus pedidos de socorro se perdiam. Arthur então, começou a se cansar e como tudo o que fazia na vida foi desanimando.


No entanto, com o passar do tempo, outra sensação se formou, e do fundo de sua alma o pequeno homem sentiu nascer o desespero e pela primeira vez em sua apática existência ele deixou escapar todo o ressentimento e desgosto, toda tristeza guardada por anos a fio. 

Foi então que, naquela noite, Arthur Sirius sentiu o verdadeiro medo e começou a gritar. E foi aos gritos que a mente do pequeno Artur morreu.

Dias depois, a polícia local retirou de dentro da 
caixa d’água um pequeno e atordoado homem que teve de ficar internado por um tempo no hospital local. Meses depois, já com as forças recuperadas ele transformou seu trauma em uma rotina. 

Os Jornais locais ainda não sabiam o seu nome mas o seu método logo o identificaria como o o Estrangulador do Rio Norte. E foi assim que nasceu mais um Serial Killer. Um que tinha, como predileção sui generis, a necessidade de garrotear jovens mulheres encontradas sozinhas nas proximidades dos bancos e caixas eletrônicos.

"Nossas cicatrizes servem pra nos lembra que o passado foi real."
Hannibal Lecter

2 comentários:

  1. Olá

    Estou escrevendo por causa de um projeto que envolve a obra do H. P. Lovecraft que acho que tem tudo a ver com o site.

    É a publicação de um livro ilustrado bilíngue com desenhos do reconhecido ilustrador gaúcho Walter Pax dando formas às criaturas imaginadas pelo gênio do terror H. P. Lovecraft. Junto das ilustrações, há algumas passagens de livros como O Chamado de Cthulhu e Nas Montanhas da Loucura.

    Recentemente, o Pax ilustrou a versão brasileira do RPG O Chamado de Cthulhu e também já ilustrou ou participou de diversos outros livros, como a antologia The Workman, que concorreu ao prêmio Will Eisner – o “Oscar dos Quadrinhos”.

    Ele me convidou para ser o editor e conseguir viabilizar financeiramente a obra, um sonho dele que é grande fã do Lovecraft. Então montamos o projeto na plataforma catarse de financiamento coletivo: http://catarse.me/Love

    No catarse, as pessoas podem adquirir recompensas (a principal é comprar o livro) e se atingirmos um valor mínimo, teremos recursos para publicar o livro. Se não conseguirmos alcançar esse mínimo, todos recebem o dinheiro de volta.

    Se gostar, aproveita que há um lote com desconto para os próximos 150 compradores. Há também outras recompensas exclusivas para os primeiros, como livros com capa dura, numerados e autografados.

    Lá no site e também na página do facebook – http://www.facebook.com/pages/Love/723637884351657 – você vai encontrar mais informações. Mesmo que não possa adquirir um livro ou outra recompensa, curtir a página do facebook e compartilhar os posts já é de grande ajuda.

    Inclusive, se quiser posso mandar ilustrações já feitas pelo Walter Pax para uma matéria no site ou mesmo podemos marcar uma entrevista com ele.

    Qualquer dúvida, é só me perguntar.

    Abraços e muito obrigado!
    Alysson Ramos Artuso - alysson@ieasolucoes.com
    http://catarse.me/Love

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  2. Por mais que resistimos a uma realidade psíquica, que existe, temos de admitir que temos uma parcela de psicopatia em nós mesmos.

    Para uns, o lado negro é mostrado apenas de forma a desejar o mal a pessoas das quais têm raiva e nunca cometem um único delito em sua vida. Para outros, porém, o lado escuro surge na forma de um desejo sádico de prejudicar, maltratar ou torturar e matar o outro. Em outros, o desejo de enriquecer a qualquer custo leva a fraudes e golpes em empresas e maneiras de se aproveitar de informações valiosas na Bolsa de Valores. Nos dois casos, firmas sólidas podem ser levadas à falência e seus empregados perdem seus empregos, o que é um modo de o psicopata dar vazão a seus instintos destruidores.

    Mas o psicopata, que em sua forma mais extrema se traduz no serial killer, pode ser traduzido como um indivíduo com ausência total de emoções. Ele não sente tristeza, remorso ou arrependimento, exceto no que diz respeito a si próprio. Ele não é como nós, com sentimento de solidariedade para com o próximo, que ajudamos a quem necessita de um auxílio premente.

    O psicopata, segundo os especialistas na área da psiquiatria, não é um doente. Mas sim, um criminoso incurável e, como tal, deve ser afastado do convívio com os demais membros não-criminosos de nossa sociedade. Segundo peritos na área da psicologia, o psicopata já nasce com instintos agressivos e não possui um julgamento moral para avaliar o que é certo e o que é errado. Ele faz o que quer, quando quer e como quer, desde que seja para o seu benefício. Para ele, a própria pessoa é a única que importa. Nada mais é importante, a não ser ele mesmo. E o psicopata gosta de tudo o que é errado: roubo, fraudes, assassinato, estupro, agressividade com ou sem requintes de crueldade.

    Mas existem serial killers que são produto do meio. São os sociopatas, indivíduos que nascem sãos, mas se tornam assassinos devido às condições em que vivem. Pessoas que sofreram demais, que foram vítimas de violência, desde que nascem. Indivíduos que foram violentados, roubados, espoliados, que não tiveram o suficiente para se tornarem homens com sentimentos bons e fraternos. Homens que se transformaram em algo pior do que a palavra humanos.

    O que fazer? Todos os psiquiatras, psicólogos e pessoas da área criminalística são unânimes em afirmar que o psicopata, e em especial o serial killer, deve ser colocado sob custódia e nunca voltar a viver em sociedade, após serem identificados como criminosos incuráveis. Porque o serial killer se torna tal, logo após matar o primeiro ser humano.

    É fato consumado que quem comete um único assassinato, continuará a cometer sempre outros, incontrolavelmente.

    O serial killer, portanto, é uma pessoa à parte, que não hesita em atacar e matar e quanto mais mata, mais deseja matar. Embora não seja um doente mental, mas sim, alguém desprovida de sentimentos para com o próximo.

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