Se meus pés pudessem se comunicar com todos os caminhos que atravessei, eu poderia sentir a verdade deixada atrás de cada passo.
Se as trilhas que desbravei falassem comigo, eu poderia entender todos os momentos de sabedoria que perdi.
Se pensar nisso não saberei como andar mais. Pois minha vida ficou pra trás e não sei como olhar sob meus ombros para as pegadas que deixei.
Sei que o caminho trilhado nos campos do destino podem recuperar o amor perdido, a tristeza esquecida e as verdades levadas.
Eu me sentiria melhor se soubesse que minhas pegadas nunca estiveram sozinhas, que sempre fui acompanhado por meus demais, humanos como eu que esqueceram a sabedoria pelas ruas e calçadas, vielas e becos da vida.
Só sei que depois disso os caminhos adquiriram nova vida, e era como se o asfalto conversasse com os blocos da calçada.
Será que a humanidade está se reduzindo a apenas um monte de pedras sobrepostas num desenho mágico, tijolo por tijolo?
Ou será que estou ficando louco, falando com as árvores e perguntando como pedir à calçada para me devolver a sabedoria que um dia eu deixei para trás?
Não sei, só posso tentar tapar os ouvidos, e não escutar a canção do mundo. A canção que nos fala sobre estarmos esquecendo o passado e, por conseqüência, deixando de criar o futuro.
E infelizmente, sem futuro, não existirão calçadas para me dizer onde eu perdi toda minha sabedoria.
Sabedoria das calçadas by JBAlves is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
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