No velho cinema a muda música ecoava. Seus toques, secos, eram embalados pelos passos dos garçons, o tilintar dos corpos e o surdo som das risadas.
Olhares desmedidos, pairavam sem faces entre as mesas. E no lugar dos personagens, arquétipos irreais recriavam papéis impostos pela realidade.
O músico puxava baladas de conquista e luxúria e mesmo estampando um largo sorriso, ele não deixava de pensar na filha doente.
A garçonete de cabelos descontrolados, saltitava entre as mesas como uma mosca varejeira. E apesar de cansada pelas doze horas ininterruptas, estava exultante por causa das parcas gorjetas.
E era assim, que o filme descarrilava...
Pois "homens de bem" tramavam a morte de seus companheiros. E mesmo as velhas e respeitáveis senhoras saiam às claras com seus afilhados.
Cenas de suspense, corrupção, romance ou drama.
Enfim, cenas do grande filme de nossas vidas. Recortado e adulterado por mais um escritor desconhecido, bêbado e desgostoso, preso naquele velho cinema...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seus comentários e sugestões.