• "Às vezes é preciso se render ao fantástico, parar de buscar respostas ou conclusões. Às vezes devemos simplesmente deixar o mito e a lenda tomarem os seus lugares. É isso que conta. É isso que nos faz diferente..."

    JBAlves

domingo, 2 de dezembro de 2012

A última hora na vida de um velho Nerd.



Finalmente aconteceu. Não foi do jeito que eu imaginava, mas aconteceu. E agora, nem o protocolo Blue Hand, ou outras regras de sobrevivência que já li podem me salvar.

Nem mesmo em meus sonhos mais loucos ou nos livros mais estranhos de minha biblioteca eu pude imaginar que o dia terminaria do jeito que vai terminar.

É claro que Lovecraft e todo o seu Cthulhu Mythos ou mesmo Stephen King em todos os livros da Torre Negra sempre citaram sobre a possibilidade derradeira desse momento. Mas eu nunca imaginei que ele chegaria pra mim de maneira tão súbita.
O relógio na cozinha marca 16h15min. Exatamente uma hora antes do início do fim. E enquanto sessenta minutos separam a mim e toda a humanidade de seu destino, só me resta ficar em casa e repensar sobre tudo o que vivi e tudo o que vou perder.

E tento fazer isso lentamente, mesmo tendo tão pouco tempo eu tento vaguear pela casa sem rumo, passeando por cada cômodo, tocando cada objeto e relembrando com profundidade cada uma de minhas inúmeras e preciosas lembranças.

É claro que não consigo ficar meditando como um monge de vigésimo nível do D&D. Ou mesmo como um clérigo de um deus neutro que aceita tudo com naturalidade e entrega seu coração às orações.

Eu sou um Nerd! E sendo assim, a minha maneira particular de repensar o passado é repassar os olhos e manipular tudo o que tenho em casa, seja em minha biblioteca, minha coleção de quadrinhos, minhas miniaturas ou mesmo nos inúmeros gadgets que ficam espalhados por todo o canto.

É engraçado pensar que Asimov tinha razão quando disse que a espécie humana apenas se podia permitir uma guerra e essa guerra seria contra a própria extinção. Agora, infelizmente, essa guerra já está perdida.

Pensar nisso me faz olhar para um abismo pessoal e ele, quando olha de volta só me envia um gemido fundo, um sussurro que contém a essência de todos os vilões que embalaram minha imaginação durante toda a vida.

E é nesse momento, entre a respiração entrecortada de Darth Vader e o grito do Xenomorfo Alien que eu escuto nitidamente a voz do Hannibal Lecter dizendo bem no fundo de minha mente que as cicatrizes servem para nos lembrar de que o passado foi real.

É. Realmente. E eu tenho muitas. Sendo que algumas delas me perguntam sobre o que resta em mim para amar. E outras me dizem para nunca perder a esperança. E é apenas por isso, motivado por essas cicatrizes de batalha que eu continuo vagueando por todo meu caern particular, enquanto espero pelo momento derradeiro.

Com um sorriso eu folheio minhas coleções de quadrinhos, tocando em obras como Lobo Solitário, Maus, Cavaleiro das Trevas, Reino do Amanhã, Ronin e Sandman. Mas é exatamente em uma passagem de Watchmen que encontro uma passagem mais que perfeita para minha reflexão.

É quando Rorschach cita que as ruas são sarjetas dilatadas cheias de sangue e, quando os bueiros transbordarem, todos os vermes vão se afogar. E a imundície de todo o sexo e matanças vai espumar até a cintura e os políticos e as putas vão olhar para cima gritando: Salvem-nos. E nesse momento ele vai olhar para baixo e dizer NÃO!

Realmente, essa atitude dele não é nem um pouco difícil de entender, principalmente porque, como a maioria dos outros Nerds e Geeks, eu acabo por acompanhar involuntariamente o verdadeiro circo de horrores que a humanidade desenvolve todos os dias.

Em detalhes eu acompanho diariamente o pior que a humanidade tem a oferecer, seja através da televisão ou principalmente através de toda imensidão digital formada pelas páginas, vídeos e redes sociais da internet que eu vejo as atrocidades e burrices cometidas por nossa espécie.

É triste pensar que nem mesmo filmes como Exterminador do Futuro, Matrix ou mesmo o Avatar de Cameron não conseguem superar a realidade nua e crua. Todos esses filmes trazem um aviso de reflexão, mas o que vejo são pessoas que se enganam dizendo que tudo está bem em um eterno ciclo de comportamento bovino.

E é assim que as coisas se desenrolam. Onde nenhum roteiro jamais esteve o terrorismo já chegou, e mesmo derrubando prédios nem mesmo ele já conseguiu superar toda a matança e exploração de pessoas que a nossa pretensa “humanidade” vivencia e patrocina todos os dias.

É tanta corrupção em nossos líderes e políticos que eu sempre me pergunto se ainda existe consciência e respeito por parte deles. Isso sem pensar em toda poluição e desmatamento motivada somente por interesses econômicos mesquinhos contra tudo e contra todos.

E nesse momento, minha derradeira pergunta não fica sem resposta. Pois parece que a única resposta é esse fim que se aproxima pra acabar com tudo, simplesmente raspando o pó da humanidade para debaixo do tapete da existência.

E infelizmente, quanto mais essa idéia se apodera de meu cérebro mais eu começo a sentir que é quase impossível erradicar esses pensamentos cada vez mais escuros, e depressivos. E assim o medo começa a se apoderar de mim. Pois nesse momento eu não consigo pensar em nada onde possa me agarrar ou nada que possa me ajudar.

Mas quando começo a ceder para o desespero eu olho para minhas miniaturas e duas delas parecem me transmitir uma lição que sempre carreguei dentro de mim desde que as comprei. Enquanto vejo Yoda, eu posso quase escutar ele me dizendo que o medo é o caminho para o Lado Negro. O medo leva a raiva, ao ódio e ao sofrimento. E seu lado a miniatura de Paul Muad'Dib repete que não posso ter medo. Pois o medo é o assassino da mente. O medo é a pequena morte que traz a obliteração.

Sendo assim, eu devo enfrentar o meu medo. Eu devo permitir que ele passe por mim. E onde o medo passou não haverá nada. Apenas eu permanecerei. E foi assim, respirando e folheando lentamente as páginas do livro Senhor dos Anéis é que as palavras do mestre Tolkien saltam aos meus olhos quando ele diz que não existe triunfo sem perda, não há vitória sem sofrimento e não há liberdade sem sacrifício.

Restabelecendo meu controle, eu volto a refletir sobre em tudo o que vivi e como foi preciso chegar e esse derradeiro momento para poder um pouco mais sobre as coisas que vivenciei em minha infância.

Mesmo a palavra Nerd agora me traz tantas lembranças esquecidas por tanto tempo. Realmente eu nunca pensei que uma gíria criada pelo Dr. Seuss iria se popularizar e se tornar mais um de meus vários apelidos de criança que tive na escola tais como CDF, Cabeça de ovo e, é claro, quatro olhos.

Hehe. E pensar que em inglês a gíria nurt designa pessoas loucas, condição que sempre achei possuir, pois nunca quis ser normal e participar dessa insanidade que muitos chamam de realidade.

Mas é claro que por muito tempo eu não sabia o que era um nerd. Acho que foi só em 84 depois do filme a Vingança dos Nerds que eu aceitei e encontrei com orgulho minha designação. Lembro que me aceitar fez uma diferença tremenda, pois foi a partir daí que um mundo todo de possibilidades surgiu. Pois apesar das classificações jocosas ou mesmo das brincadeiras insensatas de quem não me entendia eu comecei a buscar ser algo mais, alguém que sabia e queria participar cada vez mais desse universo Nerd.

E com o passar do tempo, esse comportamento considerado estranho por muitos começou a ser sinônimo de sucesso, acho que principalmente por causa de Gates e Jobs, se tornando moda e até símbolo de reconhecimento. Situação essa que pode ser facilmente exemplificada por personagens como Sheldon Cooper ou mesmo pelo conceito do “Nerd Power” muito citado pelo Jovem Nerd.

E isso que é engraçado. Pois apesar de todas as coisas ruins que vejo acontecendo, foram minhas escolhas de infância e minha aceitação de ser um Nerd que me permitiram conhecer um pouco mais do que o mundo tem de melhor.

Pois foi com Carl Sagan e Stephen Hawking que eu pude conhecer um pouco mais sobre o enorme universo que nos cerca. E juntamente com uma infinidade de outros cientistas eu aprendi a olhar o mundo com orgulho apesar de tudo, pois se tem uma lição que eles sempre repassaram é que a humanidade ainda pode e deve se superar.

Ainda somos uma espécie em evolução, uma espécie pronta para encontrar seu real potencial se conseguiremos superar essa fase animalesca que vivemos nos dias de hoje, principalmente em relação a exploração desmedida de nosso planeta. He, He! Pensar nisso me fez imaginar uma cena clássica e agora engraçada onde o planeta terra olha para um ser humano e grita: Tire suas mãos sujas de mim seu macaco
imundo!

E é claro, além dos cientistas, diversos gênios da literatura tais como Clive Barker, Monteiro Lobato, Júlio Verne, Isaac Asimov, Clive Staples Lewis e tantos outros me abriram as portas da imaginação, do horror e da fantasia libertando as amarras do pensamento convencional ao me levarem para mundos desconhecidos e maravilhosos habitados por tantos seres grotescos e ao mesmo tempo feéricos.

E assim, quando menos esperava, foram estas obras que me permitiram apreciar o trabalho de tantos novos escritores. Tristemente alguns brasileiros talentosos começaram a se destacar justamente quando o mundo está para se acabar. Nomes como André Vianco, Raphael Draccon, Leandro Reis, Eduardo Spohr e Andrés Carreiro são apenas alguns dos inúmeros exemplos presentes no Brasil que tentam, com suas histórias e exemplos, espremer pelas barras da ignorância a pequena chave da imaginação que nos permitiria libertar a mente do ser humano comum.

A além destes, é claro, nunca me esqueceria de enumerar todos os personagens dos quadrinhos que me acompanharam por todos esses anos Nerds. Personagens como como Wolverine, Conan, Batman, Hellboy e tantos outros heróis ou mesmo anti-heróis como Etrigan, Lobo e Hitman que me sempre me proporcionaram uma diversão insensata e despreocupada que agora me parece tão longe diante da importância deste momento. Mas, realmente, Jonh Constantine estava certo ao dizer que o verdadeiro segredo se encontra nos pequenos detalhes.

Detalhes? Que detalhes? O que significa todos esses pensamentos agora? O que é essa reflexão em meus últimos momentos? Como costumam dizer. Será a minha vida está passando rapidamente frente a meus olhos? Não como num filme, mas sim como um Game Massive Multiplayer Online onde os inúmeros personagens coadjuvantes são todos aqueles que conheci, sejam verdadeiros ou não?

Significa que você deve apertar o cinto de segurança, Dorothy, porque Kansas vai sumir do mapa sussurra Cypher pra mim. Mas também significa que amanha você não vai voltar, completa T800 me trazendo de volta a realidade. Que seja então! Francamente, nesse momento eu não dou a mínima. Se as coisas vão

ser assim, ok. Que o apocalipse vá em frente e faça o meu dia! Pois não terei arrependimentos nessa hora de jeito nenhum. Nunca tive em toda a minha vida nerd e foi por isso que eu pude aproveitar ao máximo o meu tempo.

Eu cresci assistindo Thundarr o Bárbaro, Herculóides, Os impossíveis, Thundercats, Caverna do Dragão, He-man e diversos outros! E junto com eles eu pude enfrentar todos os vilões impossíveis, fosse lutando ao lado da Liga da Justiça, dos vingadores ou mesmo junto com Tom Strong, a Liga Extraordinária e o Monstro do Pântano. Eu aprendi a importância das regras e da estratégia enquanto matava monstros e robôs gigantes, exércitos e dragões armado apenas com lápis e papel, um monte de dados e toda a Geração Xerox do RPG ao meu lado.

Nem que pra isso eu precisasse me vestir de preto sem ser gótico, de colocar dentes de vampiro sem ser festa a Fantasia, apenas para participar de um live-action junto com meus amigos. E por fim, eu controlei e criei os maiores guerreiros digitais que me levaram a enfrentar desafios que muitas pessoas não conhecem fora dos jogos. Desde o Odissey e o Atari passando para recentemente os games de computador mais modernos como Mass Effect, Dragon Age, Fallout, Word of Warcraft, Silent Hill, Skyrim e diversos outros mais.

E foi por isso, que em todos os lugares que estive eu sempre me orgulhei de ser Nerd, de que é mais importante viver e deixar a imaginação fluir do que sobreviver em um mundo cinza e mesquinho sem alternativa viável.

Hehe. Realmente estou pensando no fim. E se vou morrer. Vou morrer orgulhoso de tudo o que fui, de tudo o que vivi e de tudo o que ajudei a criar. Como diria Scott McCloud, sou sincero com minha “arte”. Seja de apreciar os trabalhos de outros Nerds, seja de tentar criar como eles um mundo melhor. E agora que o tempo se esvai acho que acabei de escutar o Worf, sacando sua Bat'leth e gritando pra mim que hoje é um bom dia para morrer.

Então, como estou preso dentro de uma situação que não pode ser desfeita, vou fechar os meus livros, guardar minhas miniaturas, e colocar os quadrinhos nos lugares certos, porque mesmo diante do fim do mundo eu não consigo deixar de cuidar de minhas “raridades”.

Por fim, volto para a sala onde minha esposa dorme no sofá sem saber de nada. E no final isso acaba sendo a coisa mais difícil de todas. Não poder contar tudo o que sei para ela. Contar principalmente que o mundo está acabando e que nos resta pouquíssimo tempo juntos.

É duro isso! Em todos os meus anos de professor eu pude embalar meus alunos de faculdade com minhas idéias e paixões, levando-os a imaginar que poderiam criar um mundo utópico com a tecnologia, quase uma federação de planetas. E foi essa mesma profissão que me permitiu encontrar gênios e loucos dividindo a mesma fita de jogo enquanto brigavam pelo pixel mais bonito ou pelo código mais bem feito.

Mas quem me embalava todos os dias? Quem me inspirava e me ajudava a superar os meus medos? Sempre foi ela. E não poder falar sobre o fim do mundo para minha companheira, a pessoa que mais admiro e gosto, uma pessoa que também sabe apreciar as coisas boas e nerds da vida, é o que existe de mais difícil em toda essa situação.
Mas talvez isso seja o melhor. Pois enquanto para ela hoje é só mais uma sexta feira em que descansamos e planejamos as festas de final de ano, para mim nunca mais haverá um natal, um ano novo ou mesmo um novo dia. E a falta desse novo dia não me permitirá continuar a aproveitar e disseminar minha visão de mundo. Não me deixará aproveitar a sensação de me fantasiar de zumbi e sair com meu filho pelas ruas no Halloween ou mesmo jogar com ele algum game clássico do Atari enquanto ele me chama de velho e diz que quer voltar para os seus hologramas do dia a dia.

Sento no sofá e a acordo devagar. Ela sorri pra mim e me pergunta se tem algo pra comer. Ignorando o seu pedido inicialmente eu digo que aconteça o que acontecer amanhã, ou para o resto da minha vida, agora estou feliz porque a amo. Ela pisca como se não entendesse a colocação inicialmente e abre um sorriso maior ainda e me manda para cozinha me chamando de marmota. É claro que só uma nerd pra entender outro nerd.

Assim, preparo a nossa última refeição na vida. Faço o suco, lavo as frutas e coloco no pão um queijo derretido. E enquanto faço isso, penso que ser nerd me permitiu por inicialmente encontrar lugares pra esconder minha frustração de ser considerado diferente, mas também me deu as bases para aprender a apreciar as coisas simples da vida.

Tal como um papo longo e sem sentido com os amigos numa lanchonete tomando Tereré. Um bom jogo de tabuleiro em uma tarde quente no quintal da casa de um desconhecido que se torna mais tarde seu novo amigo. Uma noite de RPG regada a cerveja e muita pizza, ou mesmo um churrasco junto da piscina falando dos filmes dos anos 80 e dos games que saíram no final de semana.

Ah! Agora me bateu uma saudade e uma pontada de tristeza por não poder ver, abraçar e dizer que amo meus pais e irmãos. Mesmo que já tenha postado isso na internet e ligado pra eles no exato momento que fiquei sabendo o que vai acontecer. Na mesa do café, falo pra minha esposa novamente que a amo e ela me responde com um sorriso que ilumina os últimos minutos que nos restam. Penso então em passar o maior tempo ao seu lado e resolvo colocar algo pra assistirmos na TV.

Infelizmente Duna é muito longo e o mundo vai acabar antes de aparecerem os Vermes de Areia. O filme De volta para o Futuro é interessante, mas o Dr. Emmett Lathrop Brown ainda vai estar baleado e Martin não vai conseguir voltar no tempo a tempo.

Por fim, sigo a indicação dela e coloco no DVD o último episódio do quinto ano de Supernatural chamado de Canção do Cisne e que coincidentemente mostra a iminência do Apocalipse para Sam e Dean e como eles tem de tomar decisões diantedisso. Para mim, super apropriado por sinal.

E é assim que passo os últimos minutos da minha vida, abraçado com minha esposa, assistindo uma série que mostra muitos sentimentos parecidos com o que estou sentindo agora. Medo, desespero, incompreensão, raiva é claro sempre acabam sendo os primeiros. Mas depois dessa casca, surge a esperança, o amor, a felicidade por tudo o que tenho e por fim a resignação.

E enquanto Dean corre na televisão eu noto que o relógio do despertador que está na sala parou de funcionar. E por um instante, tenho a sensação que o tempo é realmente relativo se soubermos como ignorá-lo.

Um abraço apertado pode durar muito mais tempo para quem busca um alento. Uma música pode ser eterna pra quem sabe apreciá-la. E quem sabe essa não seja a maior lição que eu precisava aprender em toda minha vida nerd.

A de que devo aproveitar as coisas simples da vida, porque um dia elas nunca mais voltarão. No entanto, dependendo de como você se esforçar e guardar isso bem no fundo, elas nunca terão partido de verdade. E novamente minha imaginação hiperativa começa a funcionar e na sala, já não estou sozinho com minha esposa, mas estamos acompanhados com todos os personagens que nos divertiram por tantos anos.

Falo isso pra ela e já começamos a imaginar juntos que Jack Sparrow briga por espaço no sofá com o Chewbacca. Que Ripley discute feminismo com a Arwen e que Peter Pan voa pela sala dando voltas em cima da cabeça do Spock que, sisudo, explica que tudo isso não é lógico.

Enquanto ficamos rindo e brincando disso o tempo continua parecendo que não passa. Devagar, como se soubesse o que estou sentindo ela também fica em silêncio e me olha bem no fundo dos olhos me perguntando se tudo vai ficar bem. Não sabendo nem por onde começar eu só posso abraça-la e nesse exato momento, eu sinto sua respiração, seu calor e eu sei porque estive vivo e porque aprendi tudo o que aprendi.

E num instante, eu escuto um suspiro que não vem dela ou de mim. Eu escuto um suspiro que vem do mundo, de toda a realidade a minha volta. Nesse exato momento o relógio marca 17:14 e Dean fala na Tv que o tempo de vida de um cisne é de aproximadamente 25 anos, e que segundo a crença popular ele emite

um lindo canto ao pressentir a proximidade de sua morte, surgindo daí a expressão "canto do cisne" como metáfora para as últimas realizações de uma pessoa.

E enquanto sinto finalmente que o mundo está acabando eu finalmente consigo entender a real profundidade dessa citação.
.
..
...

Por fim, um silêncio. E então.
Hasta la vista, baby.
Live Long and Prosper.


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